GLÓRIA
A glória um dos muitos valores sociais criados pela consciência colectiva que surge na sociedade humana, e que serve para regrar o relacionamento de um indivíduo para com a sua sociedade e desta para como indivíduo.
Entre valores de características diferentes, as sociedades humanas são compostas por muitos valores congéneres à glória, tais como: reputação, mérito, honra, louvor, virtude, estima, apreço, orgulho, vaidade, brio, consideração, crédito, distinção, dignidade, respeito, veneração, lealdade, carácter, fidelidade, honestidade, etc; etc.
Originados no indivíduo e usados nas relações com a sociedade – vaidade — ou originados na sociedade e usados nas relações com os indivíduos — veneração — todos estes valores estão presentes em qualquer forma de relações social, acumulados aos respectivos valores de cada tipo de relação — comercial, profissional, afectiva, política, religiosa, etc.
Todos os seres humanos nascem, crescem e vivem inseridos numa sociedade. Essa realidade obriga-os a adoptar regras de conduta que se manifestam pelos seus actos, pensamentos, atitudes e comportamentos, e que são o seu modo de ser e de estar nessa sociedade, que, por sua vez, vai avaliar tal modo de ser e de estar, e vai conferir aceitação ou rejeição conforme os padrões pessoais destes valores estejam ou não de acordo com os padrões colectivos.
Todos estes valores são criados pela consciência de cada um, e inconscientemente por todos. Os ideais de cada um, quando reunidos, formam o ideal social, que é distinto de cada ideal individual. Cada indivíduo forma os seus valores inspirando-se na sociedade, e a sociedade forma os seus valores reunindo os mais consensuais ou relevantes de cada indivíduo. Os ideais ou valores sociais são formados pela reciprocidade existente entre o indivíduo e a sociedade.
São valores subjectivos, criados pela consciência, e exclusivamente humanos. E para cada graduação positiva existe um equivalente negativo — a fidelidade só existe porque existe a infidelidade. Todos servem assim para valorizar ou desvalorizar a “cotação” que cada indivíduo tem na sociedade, podendo-o elevar até à heroicidade e afundar até à miserabilidade.
Cada sociedade tem estes valores padronizados de forma diversa devido à sua subjectividade — o mesmo acto pode ser motivo de honra na América e motivo de desonra na China. Cada indivíduo terá que conhecer os modelos que cada sociedade concebe, e adaptar-se a eles para que não seja excluído. Cada sociedade é o que é, e só se transforma com a mudança das mentalidades de várias gerações consecutivas e no mesmo sentido. E cada indivíduo é ele próprio e a sua consciência. Se existir discordância entre a sua consciência e a consciência colectiva, será ele o perdedor e o sofredor, porque é inferior perante os outros, ainda que a sua posição seja a mais correcta realmente. Por esta razão, nas relações concretas entre o indivíduo e a sociedade, estão constantemente a existir conflitos e injustiças, que podem causar tanto uma ovação não merecida como uma punição inocente.
Nenhum ser humano pode ter uma vida normal, com dignidade, vivendo isolado. A vida em grupo é natural até nas outras espécies. Mas a vida social e civilizada apenas existe nos humanos. Só os humanos possuem valores que sobrestimam e subestimam, e que são inerentes à sua superioridade inteligente. Quando usados sem extremismos no sentido de igualizar as concepções ideológicas entre o indivíduo e a sociedade, de forma a que cada um cresça com todos, porque todos contribuem para o desenvolvimento de cada um, e de forma a que todos cresçam com cada um, porque cada um contribui para o desenvolvimento de todos, a evolução torna-se inevitável, e o homem atinge a glória ambicionada e merecida.
E a regra é bem popular, o problema é fazer aos outros só o que gostávamos que nos fizessem a nós.