CONSCIÊNCIA
A consciência é um conjunto de dados — informação, conhecimentos, sabedoria — que cada pessoa recebe do exterior através dos sentidos e recebe do interior através da experiência pessoal pelos sentimentos e pensamentos, e que selecciona, organiza e armazena na memória, cujo suporte físico é o cérebro, num local acessível a qualquer momento, sempre que desejar, pois é com esses dados que orienta a sua vida.
É com os dados que cada pessoa tem na sua consciência que a mesma vive na prática, ao tomar decisões, fazer planos, produzir trabalho, conviver, evitar o perigo, defender-se e divertir-se.
A consciência é registada numa pequena parte da memória, localizada no cérebro e constituída biologicamente por células – neurónios — em que cada uma grava um dado, e as ligações entre elas por correntes eléctricas formam as ideias que uma vez exteriorizadas determinam as atitudes e os comportamentos.
Nascemos com a consciência nula. O cérebro vai-se formando e possivelmente ainda no útero já recebemos informação. Aos poucos o cérebro evolui e vamos introduzindo mais dados. Primeiro recebemos dados dos pais, depois dos amigos de escola e professores. Vamos sempre preenchendo a memória com dados de livros, dos órgãos de comunicação, dos mais velhos, de toda a sociedade e da própria natureza.
Todos os dados ficam registados na memória. A memória divide-se em duas partes principais: a maior parte é inconsciente, e a consciência ocupa uma pequena parte. A dividi-las encontra-se uma parte intercalar de transição, que é subconsciente ou pré-consciente. Os dados ao serem registados na memória podem entrar directamente para o inconsciente — e só inconscientemente lhes temos acesso — ou passam pelo consciente e são analisados. Se interessam ficam guardados na consciência para serem usados. Se não interessam esquecemo-nos deles, que é o mesmo que passá-los para o inconsciente. Os dados com os quais vivemos quotidianamente são os da consciência, que é a parte pequena da memória, mas a mais importante para a vida racional.
Assim, a nossa consciência só é aquilo que nós quisermos que ela seja, se soubermos seleccionar correctamente os dados. Ou então, é aquilo que os outros quiserem, porque, antes de nós sabermos que temos consciência, já os outros a estão a preencher e a moldar, introduzindo-nos dados conforme as conveniências deles. E desta forma, muitos terminam a vida sem terem consciência de que a consciência é assim.
Como o homem é um ser social, criou uma consciência colectiva, feita de regras que são introduzidas na consciência de cada um para o bem de todos — mas às vezes só de alguns.
Perguntaram a alguém porque existiam escravos e homens livres, e aquele respondeu que haviam escravos e homens livres da mesma forma que haviam cães e gatos. Se um homem foi “programado” pelos outros para ser escravo e nunca tiver dados que lhe indiquem que pode ser livre, ele continuará sempre escravo, consciente de que o é e não pode ser livre — e até pode ser feliz.
Muitas pessoas vivem conscientemente felizes apesar de terem uma consciência formada com dados irreais, que seleccionaram ou em que acreditam, e que são as bases das vidas delas.
Os problemas de consciência existem sempre que alguém não sabe seleccionar os dados que quer na consciência, e assim, ou não tem em que acreditar — não tem organização consciente — ou registou dados que falharam e fica “perdido” sem saber em que acreditar.
O que registamos na consciência, consciente ou inconscientemente, é aquilo em que acreditamos, e é o que nos vai guiar durante a vida.
E nós estamos constantemente a mudar a consciência, seleccionando novos dados e passando outros para o inconsciente. Umas vezes inconscientemente — outras vezes mudamos a consciência com consciência.